quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Medo maior.

Cada um guarda dentro de si um pedaço de medo. Para uns é apenas um filete bem pequenino, mas para outros, imenso abismo.
Insetos, altura, palhaços, homens, animais selvagens... Até mesmo do destino sentimos no mínimo receio. Papai me disse alguma vez passada, que devemos ser fortes, e um outro por ai me disse que os fracos desistem.

Claro que não é moleza encarar e resistir a tentação na qual fugimos de um problema. Escapar, esquecer, ignorar, dar uma de hipócrita. Tudo isso é muito simples. Mas não resolve. Pulamos e evitamos essas incongruências maiores e eles crescem cada vez mais. Ah, meus caros, não se esqueçam de Murphy. Sim. Infelizmente estamos condicionados a nos deparar continuamente com os nossos defeitos, anseios e aversões. Além, evidentemente, do medo.

Isso não é ruim. Aliás, ruim é coisa de pessimistas. Nada é ruim quando não vemos desta forma. Acreditem ou não, há uma Lei chamada "Progresso" que está inserida em tudo o que é existente e ela permite que, como diz o próprio nome, avancemos infinitamente para o elevado. Não, não somos perfeitos, mas podemos ser relativamente, se assim o quisermos. A mudança é inerente à evolução. E o mais interessante: nós a escolhemos, se quisermos. O desapego purifica e a coragem enobrece. Mas é mister dar início.

E começo dizendo que não há medo pior que o da ingratidão, essa maldita senhora que destrói toda e qualquer esperança, com o grito silencioso da indiferença. Não há nada mais democrático que a dor que está para todos, sem distinção de classe cor ou credo. Querem coisa mais abominável que o ódio? O medo do ódio. Pior? O medo da vida, o medo da morte, o medo do amor, o medo do bem.


Mas eu não paro por aqui não.

Existe um medo pior que todos.

O pior medo de todos é o pior que existe em mim e que dilacera o presente que é o meu melhor presente. Essa chaga, esse verdadeiro cancro, corrompe tudo que há de mais puro e putrefato. Aniquila o belo e o feio. Fuzila com seus milhões de olhos sempre iguais e individuais, qualquer perspectiva de progresso ou retrocesso. É a contradição das contradições, o ópio da verdade, a fantasia mais sádica dos seres humanos. Neles nos encontramos e dificilmente nos livramos.

Tenho medo dele ontem e hoje ,convivendo as 23 horas e 56 minutos de minha pré-vida até o além túmulo, colada com sua sombra. Ele me conforta, me confunde, me tortura, e continua na sua sutileza, abraçado ao meu ser, me trazendo paz e agonia, aflição e introspecção, saúde e doença, mas eu o odeio com toda força do meu amor, com a aspereza da minha benevolência, com o orgulho da minha modéstia, com o fogo do meu coração de gelo.
Eu quero matá-lo de mim. Quero, mas que tudo nessa eternidade arrancar-lhe as vísceras e comê-las ao molho da minha compaixão. Quero me livrar de suas cordas libertadoras, que aprisionam-me no mais que infinito vale das minhas ideias, emoções e criações.


Tremo ao olhá-lo, tenho convulsões de saber que isso se dá sempre,mas essa luta pacífica acaba,porque tudo que é ruim acaba pessimistas.Mas precisa começar para acabar, e o fim se faz necessário novamente, para que outras inferiores ocasiões nos proporcione um novo início. E o lapidado ciclo acorra com maior potência.

Tenho um terrível medo do meu egoísmo. Preciso destruí-lo com toda a força do altruísmo.

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