sábado, 25 de agosto de 2012

Entre penas e pétalas.

Que saudade daquele tempo que não é mais necessário. Que vontade de estar perto desse doce passado de infinitas lembranças e amores. Mas que alegria de viver e de descobrir como é bom ser como aquelas aves ou como aqueles lírios. Mas que plenitude saber que se pode carregar aquilo que é verdadeiramente nosso, aquilo que conquistamos, e mais prazeroso se dar conta que carregamos parte daquilo que não nos pertence quando sabemos deixar que se vá, como os pássaros que cuidam de suas crias até a hora da partida, ou das plantas que embelezam até a hora de fenecer. Não desprezem, meus caros, esse pretérito ornado com miríades de gozos e tristezas; pelo contrário, respeitem-no como seus pais ou seus tutores, que te ensinaram a ser fortes, a ter valores e a ser do jeito que tem que ser para ser bom; e olhem com carinho para todas essas páginas de adoráveis memória, porque é justamente por elas, que se pode desabrochar para depois florir, cantar uma vida de novas alegrias e entender que mirram todas as coisas, visto que todas as coisas mirram. Elas não emurchecem como se então no presente ficassem tal como se nunca tivessem sido, mas fanam para que as novas tenham chance de vicejar, e deixam em seu solo um resquício de sua essência. O âmago divino, de abençoada fragrância. Pois tudo tem a sua devida importância. Tudo tem o seu devido valor. O passado, as pessoas, a matéria, o espírito, a vida, a morte, a ledice e o pesar. E isso deve ser respeitado, para que se mantenha o ciclo natural da existência. Para que o nostálgico imprescindível seja mais uma doce e saudosa dádiva.