domingo, 8 de maio de 2011

Anedotas de uma infância.

Eu, durante minha infância, morei no Riachão- município de Serra Dourada (BA) – mas a partir de um determinado período passei a morar na cidade de Santana com duas de minhas irmãs e meu primo Arisvaldo, em virtude dos meus estudos, visto que o Riachão, onde meus pais moravam, era uma roça.

No entanto, a saudade que sentia dos meus pais era forte, e me fazia ir aos fins de semana para o Riachão. Meu pai me levava de Santana até Riachão em um jipe velho e lá conversávamos deleitosamente.

Nessa época, eu já me interessava por música, mas sem muitos recursos, improvisávamos, eu e meus amigos, brincadeiras com vassouras velhas, pedaços de madeiras, latas de querosene e baldes quebrados que serviam de violões e tambores, sempre acompanhados com as nossas belas cantorias.

Certa feita, em um fim de tarde de sexta, que eu não havia vendido os meus picolés – maneira de arrumar alguns trocados –, planejamos, eu e meu primo Arisvaldo, cansados de jogar bola durante o dia, a maneira de ir para a casa de meus pais, considerando que estávamos sem dinheiro algum. Chegamos à conclusão de que deveríamos procurar alguma carona sem necessariamente explicitar nossa condição financeira, apesar de não ter sido difícil de perceber devido aos nossos andrajos. Encontramos então um sujeito que fazia aquele percurso e que concordava em nos levar em seu caminhão, que para nossa sorte ou azar, era de carroceria.

Viajamos então, na calada da noite, acompanhada do soturno luar, do cheiro doce de orvalho embevecida no sereno e aspirando a poeira quente da estrada.

Tudo era um breu infinito, quando, depois de um bom tempo, reconhecemos a proximidade ao qual nos encontrávamos de nossa casa, e começamos a nos inquietar, pois não tínhamos dinheiro para pagar a viagem.

Foi então que Arisvaldo percebeu que não teríamos outra saída a não ser pularmos logo, para não sofrermos danos maiores.

Jamais esquecerei as minhas feridas que no momento me doeram na pele, mas que hoje me fazem rir nostalgicamente, assim como jamais me esquecerei do carinho que minha mãe Maria dedicou-me com sua típica farofa de ovo e carne seca, no momento em que, sujo e machucado, adentrei em sua casa.

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